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Número 25 - Diciembre 2009

MESA: DEPRESSÃO NA CONTEMPORANEIDADE

A ESCUTA DA DEPRESSÃO NO ENVELHECIMENTO

Natália Alves Barbieri
nabarbieri@geracoes.org.br

Resumo: Em algum momento da vida o sujeito se percebe velho ou envelhecido. Esta árdua experiência costuma ser sinalizada por algum acontecimento no corpo (uma doença, uma dificuldade antes inexistente), por algum comentário sobre a velhice que não vemos em nós, por alguma perda importante (a morte de algum ente querido, o fim de um trabalho) ou ainda pela mudança de papel exercido na família. Tendo a psicanálise como referência, buscou-se neste trabalho compreender este momento de percepção da velhice como uma situação de crise que desorganiza o sujeito e o coloca em risco. Crise esta que se apresenta como uma oportunidade ou estagnação diante desta nova situação. É necessário, portanto, que haja um processo de luto daquilo que se perdeu para que uma perspectiva de futuro possa ser vislumbrada. Para haver perspectiva de futuro é necessário que o passado encontre novos significados, de tal forma que este processo não se dá solitariamente, mas exige a presença do outro como interlocutor daquilo que se vive. Neste sentido, cabe ao trabalho analítico, ilustrado aqui por um caso clínico, reconhecer para o sujeito as perdas presentes neste processo. Numa sociedade que tende a ignorar o envelhecimento, validá-lo significa legitimar a existência do sujeito que briga para se manter sujeito mesmo na velhice.

A escuta da depressão no envelhecimento

A depressão é algo que vislumbramos constantemente na clínica e é curioso como não se costuma falar da mesma quando se trata do envelhecimento nem mesmo na gerontologia ou na geriatria. Mais do isso, a depressão não só NÃO é falada, como também sequer é identificada como algo a ser tratada.

Tenho observado em meu trabalho com idosos em situação de fragilidade, como certas patologias são consideradas "normais" na "velhice" – o "normal" entendido como algo intrínseco ao contexto do envelhecimento – e justamente por este motivo não despertam nem nos profissionais nem nos cuidadores a disponibilidade para encamparem algum tratamento. Um idoso quieto, com sono ou triste é considerado dentro da normalidade, independente de como esta pessoa costumava ser em outro momento da vida. Ouvi por parte dos profissionais e de alguns familiares algumas frases como as seguintes: "Ele não está deprimido, quando se fica velho a gente fica mais triste, não tem o que fazer, é normal... é assim mesmo" – neste caso o idoso apresentava sintomas claros de depressão e início de demência, mas não lhe foi indicado nenhuma intervenção ou tratamento, pois o médico achava normal "ficar triste" naquela idade.

É curioso como estas patologias não são encaradas como passíveis de cura ou tratamento mesmo sendo estas possíveis e recomendadas. A tese defendida por Goldfarb (2004) é a de que a depressão não tratada na velhice pode encaminhar para um quadro demencial, argumento que em si justificaria uma necessidade de intervenção. Meu projeto de doutorado visa entender um pouco estes mecanismos contraditórios dentro do discurso biomédico que informa todas as outras áreas da saúde, inclusive a gerontologia: porque a velhice foi construída como doença pelo discurso da biomedicina e ao mesmo tempo porque algumas doenças na velhice não são tratadas como doença (como a depressão e a incontinência urinária)? Uma das hipóteses levantadas até agora, entende que a medicina abriu mão da velhice fragilizada e/ou "mal-sucedida" por esta expor a sua impossibilidade de intervenção terapêutica. A velhice representando a mortalidade do humano seria considerada o calcanhar de Aquiles da medicina.

A partir da psicanálise, que é minha referência de trabalho, parto da consideração que nem velhice ne m envelhecimento são doenças. E que o envelhecimento é um processo não linear que ocorre durante a vida.

Em algum momento deste processo, o sujeito se percebe velho ou envelhecido. Isto implica em dizer que o envelhecimento não é a mesma coisa que a velhice. Neste sentido, a definição cronológica que marca a entrada na velhice, como a da OMS e da legislação brasileira, têm fins apenas para convenções sociais, não conseguindo abarcar a subjetividade individual.

Isto fica claro quando perguntarmos para as pessoas quando elas ficam velhas: cada um falará alguma coisa. O tempo kairótico – o nome que damos ao tempo vivido internamente e que é vivido diferentemente para cada um de nós – diz do modo como lidamos com a temporalidade e marcará com sua singularidade o modo como cada um irá lidar com o seu processo de envelhecimento. E é exatamente na articulação do tempo kairótico com o tempo cronológico que se dá a percepção da velhice.

Alguns psicanalistas, dos poucos que trabalham com o envelhecimento – e a maioria deles está aqui neste congresso – consideram a entrada na velhice como um momento marcado por algum acontecimento, alguma perda importante para o sujeito que evidenciaria – sem nenhuma dúvida – a proximidade da finitude. E este aspecto é extremamente relevante: no jovem a morte aparece como risco e na velhice aparece como certeza. Algumas perdas podem ser importantes, mas nem sempre desencadeiam um processo de crise onde se inviabiliza o projeto de futuro.

Esta árdua experiência costuma ser sinalizada por algum acontecimento no corpo (uma doença, uma dificuldade antes inexistente), por algum comentário sobre a velhice que não vemos em nós, por alguma perda importante (a morte de algum ente querido, o fim de um trabalho uma separação amorosa) ou ainda pela mudança de papel exercido na família.

A velhice, portanto, apareceria quando os ganhos passam a superar as perdas e quando alguma perda específica evidencia a proximidade com a finitude. Podemos chamar este momento também como CRISE. Ou envelhescência, como chamou Berlinck (2000) para este momento de revisão, extremamente necessária, das possibilidades reais de projetos neste momento da vida.

Por crise podemos entender várias coisas. Em minha pesquisa identifiquei vários sentidos: perturbação, limpeza, desembaraçar, purificar, depurar o que vale ou não, separação, ruptura, decisão, juízo, descontinuidade. Algo que acontece repentina e abruptamente, estado de duvida, tensão, conflito, déficit, falta. Nós, latino-americanos, parecemos viver na política, na economia e nas relações sociais uma situação de crise eterna...

Diante de todos estes sentidos, definirei aqui crise como um momento de desorganização que impõe necessariamente uma nova situação para o sujeito, tornando impossível retornar ao que se era antes. Isto é o mesmo que Canguilhem (2007) diz sobre a doença: não se volta a um estado anterior, a doença impõe um desequilíbrio entre o organismo e o meio, e a superação desta situação cria uma nova relação e nunca a mesma que existia antes. Há uma mudança de uma ordem para outra.

A crise, portanto, implica num RISCO SUBJETIVO, podendo significar para a pessoa: OPORTUNIDADE ou ESTAGNAÇÃO. Oportunidade de rever e readaptar projetos diante da nova condição que se estabelece. Estagnação porque pode gerar uma perturbação, um desequilíbrio tal que a pessoa não consegue mais se reorganizar. Como se dispor diante da crise? Como lidar/enfrentar crises?

Podemos dizer que esta crise pode ser vivida na velhice na forma da DEPRESSÃO; ou que a depressão pode ser encarada como uma crise que o sujeito se encontra diante da perspectiva da finitude, onde se torna imperativo refazer as perspectivas diante da nova situação que se instaura.

Depressão, que, se acompanhada pode trazer novas perspectivas para o sujeito que poderá realizar o luto da perda daquilo que se era ou se tinha – da pretensão de achar que podemos fazer tudo – e seguir em frente diante das novas possibilidades.

Freud (1915) escreveu um texto chamado Luto e melancolia, onde tentou diferenciar o luto normal diante de uma perda – de alguém, de uma pessoa, de um projeto – de uma perda impossível de ser elaborada porque o sujeito tem sua vida comprometida por um jeito de lidar com as coisas que dificulta a elaboração. Para Freud o luto normal seria o mesmo que a depressão, já o luto patológico seria a melancolia, que estaria ligada à constituição do sujeito, a um modo dele lidar com as coisas. A melancolia estaria relacionada à estruturação do eu, uma neurose narcísica localizada entre a psicose e a neurose.

Já a depressão é constitutiva do psiquismo e caracteriza o ser humano. O tempo todo estamos fazemos lutos inconscientes por coisas que perdemos, mesmo que não identifiquemos este processo, como por exemplo, quando terminamos de ler um livro que estamos entretidos e não queremos que aquela sensação acabe.

A depressão é uma forma do humano se proteger (se recolhendo) do contato com a realidade quando esta é frustrante e ameaçadora (e ela sempre é assim em vários momentos). É um momento onde o humano se afasta de sua relação com a realidade em busca de condições para suportá-la. É um momento de reorganização para um posterior retorno e enfrentamento da nova situação (Berlinck, 2000b). A depressão, sobre este ponto de vista, é extremamente importante para a manutenção da vida.

Se pensarmos que a exigência do mundo contemporâneo é a atividade, a eficiência, o pragmatismo, a produção, o consumo, a boa aparência, a juventude como modelo, um tempo sem rituais, podemos entender um pouco porque a depressão assume este lugar de epidemia. Na verdade o que se espera com estas exigências é que não haja espaço para se deprimir, mas é justamente a depressão que mais aparece (Berlinck, 2000b). No envelhecimento esta situação é ainda mais impactante.

O discurso social diz: é proibido sofrer; é proibido envelhecer, e principalmente: é proibido sofrer por envelhecer. O processo de envelhecimento em si já é algo solitário. Em nosso país isto se amplia, pois ainda são restritos os lugares de pertinência à velhice. Não há lugares nem espaços coletivos para se compartilhar com o outro o que se vive.

A grande dificuldade do luto é que necessariamente temos que nos deparar com o sofrimento, pois estar vivo significa estar sujeito às frustrações, a perder, a fracassar, a desilusão, mas também a encontrar, esperançar e conviver e ganhar. O sofrimento só não pode ser algo insuportável, de forma a impossibilitar a elaboração. Para ter luto é preciso de tempo para transformar a dor da perda em lembranças que podem fazer parte da história. Aceitar o luto é aceitar a perda e toda a perda remete sempre à morte.

A impossibilidade de fazer este luto, de reconhecer a perda faz com que o sujeito permaneça no vazio. E isso encaminha o sujeito para o desligamento, o desinvestimento das coisas, das pessoas e de si mesmo (Goldfarb, 2004). É desligar-se para não PERDER a vida e isto pode encaminhar-se para um processo de demência. Demência aqui entendida como ausência ou impossibilidade do trabalho de luto.

Frei Tito, um frei dominicano que foi preso e torturado ao participar do movimento estudantil na época da ditadura no Brasil, – também retratado no livro e filme do frei Betto (Batismo de sangue). Depois de solto e exilado na França, começou a relatar perseguições do Sr. Fleury, o coordenador das torturas. Ficar longe de seu país não era entendido por ele como uma forma de proteção pelos seus companheiros, estar longe era o equivalente a abandonar o barco. Alguns dias depois de ser encontrado enforcado no parque do convento, Tito escreveu: " É preferível morrer que perder a vida".

Penso que na demência ocorre justamente um movimento contrário: "É preferível perder a vida a morrer". É como se o luto pela perda da vida não pudesse ocorrer e a pessoa se envereda numa vida sem memória, sem passado, sem futuro e sem sentido.

Para frei Tito, o sentido de viver só existe se a vida puder ser vivida plenamente – o que tinha se tornado impossível pela ditadura. Obviamente nem todos que foram torturados enlouqueceram – apesar de carregarem consigo diversas e séria s seqüelas pelo resto da vida. Na demência há um se desligar-se diante da impossibilidade de futuro e de projetos. Isto é evidente nas instituições asilares para idosos. Há uma rápida perda de lucidez entre aqueles que entram lúcidos e com a expectativa de continuarem mantendo sua autonomia na instituição – grande parte de moradores destas instituições escolhem esta opção porque não querem dar trabalho para os filhos ou porque não querem viver mais isoladamente. Uma parcela grande entra em processo demencial e acredito que isto aconteça principalmente pela: falta de perspectiva de vida e de futuro nas instituições, o não lidar e falar sobre as mortes dos outros moradores, a rotina medicalizante e o processo de hospitalização da moradia (Barbieri, 2008).

O maior trabalho na velhice, portanto, é o do luto antecipado de um objeto ainda não perdido – a própria vida (Goldfarb, 2004). Luto nem sempre possível diante da perda do objeto real e também do ideal e das perdas das perspectivas de futuro que são colocadas. Mas é o desejo de sobreviver é que sustenta este trabalho. E no trabalho analítico, a idéia é sustentar para o sujeito a pergunta sobre que futuro é possível naquele momento. A sustentação da pergunta supõe que existe ali um sujeito desejante.

Há, portanto, muito trabalho envolvido neste processo:

Na clínica, poder reconhecer as perdas na velhice é validar que o sujeito existe. Em geral costumamos amenizar todas as perdas: "não pensa nisso não", "vamos mudar de assunto", "que isso, você está tão nova ainda, bola pra frente". Acontece que, se há uma perda há um processo natural de luto que precisa ser feito. E neste processo de luto, durante certo período o mundo se torna pobre e vazio, até que o sujeito incorpora para si parte daquilo que perdeu e se abre para se relacionar com o mundo novamente (Freud, 1915).

Luto (im)possível?

Trouxe aqui um caso para refletirmos sobre estes aspectos. Quando fui chamada para trabalhar com Roberto, a queixa dos filhos era a de que há três meses ele havia mudado muito, estava diferente, não conversava, estava "depressivo", não ria mais, falava repetidamente sobre sua mulher que havia falecido e da doença que apareceu há cerca de 9 anos atrás: todos aspectos da sua vida que não apareciam em seu discurso antes. Ao entrar em contato com Roberto e com seus filhos, fui me interando sobre estas e outras histórias.

Roberto apresenta sintomas neurológicos parecidos com o mal de Parkinson, onde passa a ter certos comportamentos cotidianos comprometidos devido à presença de movimentos involuntários que nunca cessam. Desde então não consegue mais dormir, tira somente sonecas (sempre em movimento). Diante disso para de trabalhar (já era aposentado) e para de dirigir. Mas continua a freqüentar seu circulo social, a viajar, ler, escrever (estas duas coisas com bastante dificuldade). Depois de sete anos perde sua mulher e passa a viver sozinho com uma moça encarregada das tarefas domésticas. A doença continua a progredir e os remédios ora melhoram significativamente o quadro, ora são impotentes piorando a agitação motora. Mas mesmo assim Roberto continua a fazer as suas viagens para visitar seus filhos que moram em outras cidades. Nestas viagens cuida dos netos, coloca "shorts" e faz suas caminhadas.

Me perguntava o que havia acontecido com Roberto para que mudasse tão de repente como apontavam os filhos. Inicialmente pensava que havia ali algum luto não realizado pela perda da mulher. No entanto, considero outros dois fatos tão marcantes quanto, ao entender que estes RESIGNIFICARAM a perda da esposa.

A primeira delas foi uma fala do médico – considerado o grande especialista da área e que tratava dele há anos – que disse não ter mais o que fazer no caso dele. Já havia tentado todos os remédios para esta doença sem solução. Esta fala coincide exatamente no tempo com a desorganização apontado pelos filhos. Aponta para a falta total de perspectiva de futuro para este homem. Se nem o mais experiente poderia ajudá-lo a, pelo menos, controlar a doença, o que lhe restaria de vida?

Outro evento que ocorre neste mesmo mês, foi a retirada de todos os seus dentes e a colocação de próteses (em vez de tratarem os dentes ele acabou vítima destes tratamentos baratos onde as próteses são preteridas economicamente). Em nossas conversas Roberto dizia que nunca imaginava que isso fosse acontecer com ele, já que cuidava de seus dentes para não suceder o que aconteceu com seus pais: a prótese significava velhice, uma grande perda.

Em alguns momentos se apresenta realmente muito desorganizado, confuso, pedindo para a empregada dar-lhe comida pela boca. Nos tempos em que estávamos junto fazíamos café e caminhávamos pelo bairro. Escuto e valido suas perdas, sua sensação de impotência, já que não consegue mais fazer as coisas que lhe eram importantes: dirigir, escrever, ler, e como a nova prótese mexia com sua auto-estima. Ao mesmo tempo em que diz: "eu estou DESESPERADO", também contava que tinha ido sozinho ao banco a pé, indicando que ainda podia certas coisas. Já não parecia tão desorganizado assim. As conversas seguem, mas o que considero mais relevante é o DESEJO que está ali, que insiste em aparecer. A possibilidade de interlocução com alguém que o escuta, que escuta suas dificuldades e que não o coloca no lugar de dependente, abre espaço para significar o que vive. Lembro a importância em trabalhar com a família que sofre junto e que fica perdida entre os diagnósticos dados e o convívio com o idoso deprimido.

Porque estou discorrendo sobre isso? Porque em muitos casos encontramos idosos com depressão, mas achamos que isso é NORMAL, onde não se há nada o que fazer. Também achamos "normal" que o idoso tenha incontinência urinária, que durma muito, que repita sempre a mesma coisa, e que deixe de sair de casa para fazer as atividades que fazia antes. A intervenção, não pela colocação do outro no lugar de dependente, mas, ao contrário, ao possibilitar a escuta do desejo, do medo da morte, da dependência, das perdas, é o que pode tornar possível este trabalho de luto extremamente necessário, especialmente neste momento da vida.

A sabedoria ou a velhice saudável não é necessariamente o envelhecimento ativo, tão defendido pelos especialistas da geriatria e da gerontologia, ou o acúmulo de experiências, mas sim a possibilidade de ser flexível diante das questões e mudanças impostas pela vida. É conseguir se adaptar (ter plasticidade) diante das novas situações impostas.

Para haver perspectiva de futuro é necessário que o passado encontre novos significados, de tal forma que este processo não se dá solitariamente, mas exige a presença do outro como interlocutor daquilo que se vive. Numa sociedade que tende a ignorar o envelhecimento, validá-lo significa legitimar a existência do sujeito que briga para se manter sujeito mesmo na velhice.

Bibliografia:

Barbieri, N. A. O dom e a técnica: o cuidado a velhos asilados. 205p. 2008. Dissertação (mestrado em Saúde Coletiva). Universidade Federal de São Paulo.

Berlinck, M.T. Envelhecência. In Psicopatologia Fundamental. São Paulo: Escuta, 2000

Canguilhem, G. O Normal e o Patológico. Rio de Janeiro: Forense universitária, 2007.

Goldfarb, D.C. Demências. São Paulo: Casa do psicólogo, 2004.

Freud, S. Luto e melancolia. Rio de Janeiro: Imago; 1915b. Vol. XIV, p.271-91.

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