Investigación à Psicoanálisis

Trabajos de Investigación Clínica y de Inserción del Psicoanálisis en diversas Áreas Temáticas
Investigaciones teórico conceptuales

O analista: objeto a ou Sinthoma ?

Mariana Zelis
marianazelis@terra.com.br

O percurso do sintoma ao sinthoma pode ser resumido como a trajetória do sujeito-falta-a-ser ao falaser, da falta ao furo, da verdade ao gozo, do desejo a pulsão.

Nesta nova escrita do sintoma como sinthoma, Lacan no Seminario XXIII, utiliza uma antiga grafia para delinear um novo conceito, acrescentado a letra, "h", no meio da palavra. Letra muda, silenciosa, que só na escrita é percebida. É de uma articulação gozo - significante que o sinthoma é inventado pelo sujeito.

Esta perspectiva, confere uma nova orientação ao lugar do analista? Que implicação ou conseqüência pode haver no lugar do analista como agente no discurso analítico?

O sinthoma é o 4º elo que amarra os registros, ponto de detenção, Nome do Pai que deixa de ser só um operador simbólico, para enlaçar simbólico e real, que por sua existência encarna esta função.

Acompanhando a leitura do Colóquio-Seminario sobre El Sinthome, o sinthoma seria uma categoria mais ampla que a do Pai, Lacan afirma que todo Pai é sinthome mas não todo sinthoma o é. Perante uma carência de Pai, existe a possibilidade de outro tipo de anodamento reparando e suprindo sua ausência.

No Seminário XXIII Lacan pontua […] "Pienso que el psicoanalista solo puede concebirse como un sinthome. El psicoanálisis no es un sinthome, sí el psicoanalisa" [...](1). Esta função, do analista sinthoma, é uma "inversão" em relação ao sintoma analítico sustentado pelo sujeito suposto saber, complemento de saber.

A direção ao inconsciente real é a direção do analista sinthome, […] "essa abordagem renova a potência do amor de transferência, uma vez que o lugar do analista, desse ponto de vista, é homologo ao do Nome de um Pai encarnado, do sinthoma ou do inconsciente enquanto real. O lugar do analista é sempre inédito, pois não é a psicanálise -sua teoria e sua práxis- que é um sinthoma, e sim o psicanalista" [...] (2) segundo Tânia Coelho seria uma nova definição do analista […] "em direção a uma ética da responsabilidade pela solidão do inconsciente de cada um "[…] (3) onde cada ato de fala, sem Outro, é um forçamento de um inconsciente particular que será um dizer se se engancha no inconsciente de um Outro.

Acrescenta que a interpretação instituiria um ato inédito, [...] "conferir um peso sexual às palavras" [...] (4) Privilé gio do real a partir dos efeitos de gozo que localizam um real no imaginário e um real no simbólico. Circunscrever um real que é sem lei e sem saber, ou seja, [...] "orientar lo real, tratarlo como fragmento de su totalidad em bruto y hacerlo escritura disyunta del régimen de la palabra y del sentido" [...] (5)

A função do analista no lugar de objeto a é causar o trabalho analítico, sustentá-lo [...] "O psicanalista, por sua vez, não se conhece e é também o ponto em que existe na medida em que certamente é só mais um sujeito e justo no seu ato, e no final, onde é esperado, o objeto a, na medida em que não é o seu, mas aquele objeto a que dele como Outro o psicanalisando precisa para afastá-lo de si" [...] (6).

Este lugar de objeto como causa será construído em análise, passagem do sujeito suposto saber ao advento do objeto a. Um aspecto do analista sinthoma.

Miller em "Los signos del goce" dirá que o trabalho da análise é poder passar do gozar do inconsciente à identificação com o sintoma, corte do gozar do inconsciente para que opere o desejo de saber e não o amor ao saber que eternizaria a transferência. Assim chegar ao sinthome, ao Tu es isso, onde o sofrimento cai e uma nova posição subjetiva poderá advir, savoir y faire avec son sinthôme, saber fazer aí com seu sinthoma.

Na neurose implicaria um além da posição do analista como complemento de saber (que amarra sintoma e transferência) e como semblante de objeto a (decifração e redução), implicaria a resolução da transferência e como conseqüência a dissolução do sintoma como garantia da existência do Outro. Esta operação aponta a uma correção do nó, correção que não seria o equivalente a desamarrar. Pode ser entendida como a introdução de algo novo, movimento novo no nó, abertura que dilui a rigidez para produzir algo "novo" a partir do mesmo. O analista sinthoma encontra-se do lado da escrita, através da interpretação do equivoco da alingua; do sentido aberto ao enigma.

Na psicose, que orienta esta nova perspectiva clinica, é onde a função do analista sinthoma é mais evidente, a construção de uma suplência que amarre os registros é nodal para possibilitar ao sujeito apaziguar o gozo invasivo e poder habitar na experiência do falaser. A partir desta virada na clinica das psicoses se produz uma reconstrução conceitual, o déficit é generalizado quando o Outro não existe, não é mais o privilegio ou a falha de um significante na estrutura, senão modos de gozo.

O analista sinthoma é convocado a operar desde uma posição feminina que suporta o "não-todo", funcionando como "ajuda contra" o gozo do Outro, contra á consistência do Outro. Em "La Psicosis ordinária", pag.177, Bernard Nominé, refere-se ao analista sinthome como [...] "ayuda contra lo que lo empuja hacia La mujer en su encuentro con Um-padre, una ayuda contra su <sin razón> que le sirva de apoyo contra el significante del Outro que no existe, (S)" [...] .

Como suportar ou apoiar esta função? Segundo Lacan, no Seminário XXIII, pag 70,

[…] "El analisis es eso, es la respuesta a um enigma, y uma respuesta, es preciso decirlo […] completa y especialmente tonta […] el sentido proviene de um campo entre lo imaginário y lo simbólico […] aqui em el centro , a , causa de deseo […] es necesario que em algun lugar hagamos la sutura entre este simbólico […] y este imaginário […] empalme de lo imaginario com el saber inconsciente […] para obtener um sentido, lo que es objeto de la respuesta del analista […] .cuando realizamos este empalme, hacemos con él al mismo tiempo otro, precisamente entre lo simbólico y lo real […] enseñamos al analizante a hacer um empalme entre su sinthome y lo real parasito del goce. Lo característico de nuestra operación, volver posible este goce, es lo mismo que lo escribiera j´ouïs-sens. Es lo mismo que oir um sentido" [...].

Sentido gozado sem efeito de sentido, é o nó, desloca-se o efeito de significado do significante para o efeito de gozo da letra (S1), o que faz insígnia o par (S1-a), o sintoma.

O caso Joyce ensina essa passagem do gozo da letra, o sinthoma, que é o que lhe permite fazer laço.

Mauricio Tarrab no Colóquio sobre o Seminário 23 fala de uma redução do inconsciente seguindo o trabalho de Lacan, [...] "Yo he reducido el sintoma para responder no a la elucubración del inconsciente sino a la realidad del inconsciente" [...] Nesta redução o caminho aponta ao encontro com [...] "fragmentos de escritura y trozos de real" [...] (7), encontro efetivado no dispositivo analítico pelo aplanamento do nó o qual permite o surgimento de lugares separados e opostos a partir dos quais poder construir um saber fazer aí com o sintoma.

Esta é a perspectiva do analista sinthoma, dar um passo a mais em relação ao lugar que ocupa como semblante de a no discurso analítico, porque [...] " ele (o objeto a) só se resolve, no fim de contas, em sue fracasso, em não poder sustentar-se na abordagem do real" [...] (8) Na consistência lógica do objeto a o acento esta do lado da função simbólica que requer, e para completar dita função precisa de uma extração feita no corpo, aspecto real do objeto. A orientação do analista sinthoma aposta a um além do semblante e do sujeito desejante, implicaria chegar a um saber fazer aí com o próprio modo de gozo.

Notas

(1) Lacan, J. em El Seminário 23, El Sinthome, pag 133. Paidós. Bs As.

(2, 3, 4) Coelho Tânia, "Interpretar é conferir peso sexual às palavras" em atas do VII Congresso da EBP "A variedade clinica dos objetos a" Abril 2007. Salvador, Bahia.

(5) Baz Samuel em "Coloquio-Semianrio sobre el Seminario 23 de J. Lacan "El Sinthome", Cap.III, pag 98. EOL Grama, Buenos Aires.

(6) Lacan, J em Seminário XV, "O ato psicanalítico", inédito, lição de 17/1/68.

(7) Tarrab Mauricio em "Coloquio-Semianrio sobre el Seminario 23 de J. Lacan "El Sinthome", Cap.IV,pag 100, EOL Grama, Buenos Aires.

(8) Lacan, J. em O Seminário Livro 20 Mais Ainda, pag.128 J-Z-E.

 

Referencias Bibliográficas

- Jacques-Alain Miller, "La Psicosis Ordinária". Paidos. Bs As.

- Rabinovich Diana, "La Angustia y el deseo del Otro". Manantial.Bs As.

- J.A Miller, "Conclusão das aulas sobre o Sinthoma " en Opção Lacaniana Nº46.

- Rabinovich Diana em "O desejo do psicanalista", Companhia de Freud Editora.

-Vera Gorali em O real em suspenso, Coloquio-Seminario sobre el Seminario 23 de J. Lacan "El Sinthome", EOL Grama 2007, Buenos Aires.


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