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2001 - A ODISSÉIA LACANIANA
Colóquio Internacional: Lacan no século

Breves crónicas das atividades
Cuarta, 11/04/2001

Aline de Alvarenga Coelho

Plenária Lacan no Século

A Plenária foi iniciada por Rosane Melo, que justificou o título do Colóquio. Trata-se de uma observação chistosa de Maria Anita, que acabou sendo levada a sério e os incitou a trabalhar. O resultado é o presente evento. Em seguida, escutamos a transmissão de uma entrevista feita com Lacan por ocasião do lançamento de seus Escritos, em que ele analisa o livro.

Antonio Quinet inicia sua apresentação referindo-se a passagem da alteridade para heteridade no ensino de Lacan. A partir daí, começa a fazer uma enumeração dos cinco "outros" que encontramos em Lacan: outro semelhante, Grande Outro, objeto a êxtimo, Outro do laço social e Outro do gozo. O semelhante é aquele da frase: je est un autre. O eu é um outro. É o mundo especular em que igual passa a ser rival. Grande Outro é um lugar, alhures. É a outra cena, da heteronomia radical. Em relação ao Outro, o sujeito se situa como falta-a-ser, pois não encontra no Outro aquilo que lhe falta. Objeto a é "a" contribuição de Lacan a psicanálise. É seu sintoma. É o objeto causa de desejo e indica a perda de vida própria ao sujeito por ele ser sexuado. Na linguagem, ele aparece através da repetição, que também indica um gozo. Outro do laço social é um lugar que pode ser ocupado por 4 outros tipos de outro. Mas o discurso do analista é o único que trata o outro como sujeito. S1 pode ser encarnado por alguém em todos os discursos, menos no do analista. Outro gozo é o lado feminino da partilha dos sexos. Indica a lógica do não-todo da sexualidade feminina.

Colette Soler fala sobre os efeitos de Lacan na psicanálise. Ela trata de questões referentes à política e ao passe. Para Soler, Lacan foi aquele que relembrou o inconsciente para a psicanálise. O corte que Freud inaugura em relação à quaisquer outros tipos de psicoterapia é a decodificação. O corte lacaniano é o passe. O passe indica um momento de concluir, a certeza de uma conclusão. O passe seria político? Haveria o uso do poder S1 no passe? Fim de análise é destituição e luto. Estaria sendo usado um poder de hierarquia contra o poder do passe. Soler cita a influência de Miller na política do passe. O passe acaba servindo a poderes políticos e desconhecendo o que poderia haver de analítico. A política da psicanálise deveria ser revista para não se cair nos mesmos erros. Afinal, em relação a S1 começa a aparecer o contra-saber.

Maria Anita Carneiro Ribeiro falou sobre Lacan e a diferença dos gozos. Gozo X utilidade - Lacan. Gozo X laço social - Hegel. Lacan dá um passo a frente de Hegel e inclui o gozo no discurso, no laço social. Há um gozo que não é simbólico, que está entre o real e o imaginário. Entretanto, há uma relação estreita entre o gozo e o significante. O significante exerce uma função dúbia: ao mesmo tempo que impõe a Lei, oferece a possibilidade de transgressão. Lacan anuncia que não há relação sexual. A relação entre os sexos é mediada pelo falo. Falo é um obstáculo que leva o homem a não gozar do corpo da mulher. Seu gozo é o gozo de órgão. A mulher não existe e não pode ser contada, a não ser uma a uma. Seu gozo é suplementar ao fálico. Mas há um gozo dela, indizível e semelhante ao gozo dos místicos.
Maria Anita conclui colocando em questão os novos sintomas que têm aparecido na clínica, através dos fenômenos psicossomáticos e os usuários de drogas. Nesses casos, mesmo que não se seja mulher ou místico, há o gozo do Outro.

Guy Clastres fala sobre o ex-sistir. Lacan fez com que o discurso analítico existisse. Sobre isso, Guy lembra Kierkegaard, que afirmava que a existência não existe sem angústia. Isso o remete ao seminário X de Lacan, a angústia, que parece marcar uma descontinuidade em relação aos outros seminários. É onde Lacan cria o objeto a, referência de objeto no discurso analítico. Fazer com que a psicanálise exista é fazer com que os psicanalistas existam?
Guy fala da função de suplência instituída da escola. Neste lugar, a formação de quem praticasse a psicanálise estaria assegurada. Guy segue em sua referência a angústia e relata um caso clínico em que a angústia surge onde falta o apoio da falta. Ele finaliza dizendo que a análise faz o sujeito existir em outra parte. É preciso dar um passo na direção da dor de existir. --

Aline de Alvarenga Coelho

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