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Agenda

1° Coloquio da Escola de Psicanálise do Campo Lacaniano - Forum Rio

HISTERIA
Sujeito, corpo e discurso

4 e 5 julho 2003
Instituto de Psiquiatria da UFRJ - avenida Wenceslau Brás 71 - Botafogo Rio de Janeiro

A histeria desapareceu dos manuais de diagnóstico da psiquiatria e, com novos nomes e novas vestes, corre o risco de retornar à neurologia, quando não é tachada de simulação ou pitiatismo – referências que, aliás, precederam a descoberta de Freud. A que se deve o retrocesso que assistimos na psiquiatria na aurora do século XXI?

Discernida em 1859 na medicina e situada na psiquiatria por Charcot, a histeria possibilitou a Freud, na virada do século XIX para o XX, a descoberta do inconsciente e da origem sexual dos sintomas neuróticos. Dentre as neuroses, ela é o único tipo clínico do qual podemos estar seguros de que procede da estrutura de linguagem do inconsciente descoberta pela psicanálise. Eis porque a histeria, segundo Lacan, pode ser formalizada em um matema.

O sujeito da histeria é o próprio sujeito do inconsciente em exercício: sujeito em falta de ser e sexo, desejoso de saber sem, no entanto querer saber, transferido com o mestre para reinar sobre ele, enigma e pitonisa, esfinge e decifração. O dispositivo da psicanálise promove a histerização do sujeito, condição do ato analítico. A função analisante é sempre histérica – eis o que as mulheres há mais de cem anos ensinaram a Freud. Assim, psiquiatras, médicos, psico e fisioterapeutas e, sobretudo, psicanalistas continuam recebendo na clínica cotidiana as mais variadas formas de histeria – desde as mais antigas até às pós-modernas. Nos homens e nas mulheres a sintoma-tologia histérica continua levantando a mesma questão: o que é uma mulher?
O corpo histérico é um palco de sofrimento, é o corpo-dor que simboliza não só a divisão do sujeito em relação ao sexo – homem/mulher –, mas também a impotência do prazer absoluto, a paralisia diante do desejo do Outro, as cicatrizes de gozo deixado pelos traumas, as marcas de saudade do prazer que nunca adveio. Com o diabo no corpo, o sujeito histérico encena para o Outro o drama do gozo da privação. É um corpo que clama deciframento, um corpo-leito de escrita cifrada, cuja anatomia é sui generis e particular, pois não obedece aos livros médicos e cada sujeito tem a sua. Para a psicanálise, o corpo histérico é topológico, ou seja, é uma superfície que se molda em torno do furo na sexualidade.

A histeria enlaça as pessoas, faz grupos, seja em torno de um mestre, seja entre si pela via da identificação pelo desejo. Eis porque foi promovida por Lacan a um laço social, constituindo um dos quatro discursos que compõem a sociedade humana. E além do mais, o desejo histérico engendra o saber, promove as descobertas, as invenções que tentam responder ao enigma que ele provoca. Por outro lado, a histeria denuncia a dominação dos senhores da ciência e do capitalismo: fazendo greve (até de fome), furtando-se aos rótulos, fazendo-se de louca, inventando sintomas, fazendo valer a falta no saber e no poder.

Se toda clínica implica o sujeito histérico, o discurso analítico é a forma de tratamento que acolhe esses sujeitos e seus corpos revoltados para que eles mesmos possam passar da denúncia e da demanda de ser ao bem dizer do gaio saber e ao consentimento da castração.

Antonio Quinet

prazo de entrega dos trabalhos
Os trabalhos devem ser encaminhados para EPCL- Fórum Rio até o dia 5 de junho de 2003.
1. Somente serão aceitos trabalhos de autores previamente inscritos no Colóquio.
2. Somente serão lidos e selecionados pela Comissão Científica para apresentação no Colóquio os trabalhos que tiverem no máximo 6 (seis) laudas, em letra Times New Roman, tamanho 12, espaço duplo.
3. Deverão ser entregues uma cópia do trabalho em disquete identificado; três cópias impressas e folha anexa, contendo o nome do autor, título do trabalho, telefone, endereço e endereço eletrônico.
temas sugeridos para os trabalhos
Sintomas x transtornos • O amor à verdade •
A histerização do discurso • Fenômenos delirantes na histeria •
A histeria masculina • A política, a estratégia, a tática e a política da histeria •
O sujeito da representação e o sujeito dividido •
Histeria e o discurso da ciência • Discurso histérico-diabólico •
Sintomas conversivos e fenômenos psicossomáticos •
Gozo: privação e insatisfação

informações
Sede de EPCL- Fórum Rio
rua Goethe 66 sala 2 2º andar
Botafogo Rio de Janeiro RJ 22281-020
telefax [21] 2537-1786
coordenação
Maria Helena Martinho, Maria Luisa Sant’Ana, Maria Luiza Caldas, Rosane Melo
comissão científica
Antonio Quinet, Clarice Gatto, Sonia Alberti, Vera Pollo
comissão organizadora
Ana Rosa Mauro de Melo, Leila Equi, Maria Nunes da Silva Pinto, Marilea Singulani, Sheila Abramovitch, Yara Lemos

valor da inscrição
até 15 de junho R$ 100,00
no local R$ 150,00
estudantes pagam sempre 50% do valor
depósito bancário
Banco do Brasil
agência 3097-X, conta corrente 5994-3
Maria Helena Martinho [Diretora Tesoureira da EPCL - Fórum Rio]


Para enviar a agenda de atividades de sua instituição,
ou qualquer outro tipo de informação, escreva a
brasil@psicomundo.com

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